Aproximar a formação às necessidades da prática clinica, refletir sobre as temáticas atuais e os desafios que se colocam aos cuidados de saúde primários na resposta às necessidades da população, num contexto de partilha multiprofissional, foi o objetivo do IV Encontro do Aces Matosinhos, que decorreu a 24 e 25 de novembro, no Auditório Infante D. Henrique (APDL), em Leça da Palmeira. Para esta edição, que assinala o retomar destes encontros interrompidos pela pandemia, o tema escolhido — Desafios na Saúde: construindo caminhos – “ expressa a necessidade de se construir novas formas de articulação e de abordagem multidisciplinar na resposta em cuidados de saúde”.
Depois de dois anos de interrupção devido à pandemia por Covid-19, a realização deste encontro assinala um recomeço da dinâmica do Aces Matosinhos?
Além do recomeço da atividade formativa representa também um reencontro dos profissionais de saúde, que durante a pandemia por covid 19 estiveram muitas vezes privados de momentos de partilha, afastados dos eventos científicos presenciais. Esperamos que este IV Encontro do ACES de Matosinhos seja o retomar da série de “Encontros” que já realizávamos e que se almeja manter ao longo dos anos.
Numa altura em que a dificuldade de acesso aos cuidados de saúde primários é constantemente apontada, como caracteriza a capacidade de resposta do Aces Matosinhos?
A resposta do ACES de Matosinhos está, neste momento, com atividade presencial semelhante ao período pré-pandemia. Com a pandemia notou-se uma crescente procura de cuidados de saúde sob a forma não presencial, que se mantém de uma forma intensa. Por essa razão, atualmente, os profissionais de saúde deparam-se com o desafio de manter a acessibilidade à consulta presencial e, ao mesmo tempo, responder à procura ampliada de contactos não presenciais, o que tem gerado bastante stress e dificuldade em gerir as expectativas dos utentes.
Quais os principais desafios que se colocam aos cuidados de saúde primários no contexto desta ULS?
Os principais desafios estão expressos no próprio programa deste quarto encontro: um conhecimento dos determinantes e necessidades em saúde para melhor ajustarmos os recursos e respostas às necessidades reais da população; tratar da saúde mental dos utentes e dos profissionais de saúde; o doente crónico, que cada vez mais se revela o maior desafio da Medicina em geral e dos cuidados de saúde primários em particular por todo o seguimento necessário; e a centralidade no cidadão que engloba princípios fundamentais como a inclusão, igualdade de oportunidades e equidade de acesso.
Determinantes em Saúde, Saúde Mental, Gestão do Doente Crónico e o Cidadão no Centro do Sistema. Temas que marcam a atualidade ou propostas de reflexão no Aces Matosinhos?
Como já referi, estes temas foram escolhidos pela comissão organizadora por representarem os principais desafios em Saúde. No entanto, além de marcarem a atualidade são áreas em que a ULSM tem desenvolvido projetos e esforços de articulação de cuidados.
A ULSM tem-se distinguido no desenvolvimento de projetos e de respostas assistenciais que concretizam a integração de cuidados. Que expectativas para os próximos tempos?
A ULSM tem um histórico rico em projetos pioneiros e inovadores em várias áreas de cuidados. Sendo uma instituição com abrangência global, e de vários níveis de cuidados, tem um campo fértil para o nascimento de projetos e protocolos de articulação e integração de cuidados. Temos expetativa que se mantenha de forma ativa e crescente.