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01-02-2023

Entrevista a …

Hermínia Teixeira, Especialista em Medicina Geral e Familiar, coordenadora da USF Godinho de Faria

A funcionar desde 1 de fevereiro, a USF Godinho de Faria, foi pioneira a nível nacional, transitando diretamente de Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados (UCSP) para USF modelo B, um percurso inovador ao nível dos cuidados de saúde primários. No momento da sua inauguração oficial, o ministro da Saúde, Manuel Pizarro, não poupou nos elogios ao dinamismo da equipa e ao seu sucesso. Ao que “de melhor se faz no SNS”, a bem dos utentes.

A UFS Godinho Faria nasce como um projeto inédito no contexto da ULSM e também dos Cuidados de Saúde Primários a nível nacional. Como descreve este percurso de sucesso e que marca a diferença?

Durante o ano de 2021, alguns profissionais da então Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados de São Mamede (UCSP), localizada no Centro de Saúde de São Mamede Infesta, consideraram que seria o momento certo para projetar a criação de uma Unidade de Saúde Familiar (USF). Com o apoio e experiência da Dra. Luciana Monteiro, e a motivação de vários profissionais, tanto da equipa médica, como de enfermagem e secretariado clínico, decidimos propor em outubro (2021) à Equipa Regional de Apoio e Acompanhamento (ERA) da Administração Regional do Norte, o nosso projeto. Pelo desempenho da equipa nos anos anteriores, o Dr. Carlos Alvarenga, coordenador da ERA, incentivou-nos a criar um projeto inovador nos Cuidados de Saúde Primários em Portugal e a transitar diretamente de uma UCSP a USF modelo B, o que acabou por se concretizar com sucesso em dezembro 2022.
Não tenho dúvidas de que o sucesso deste percurso é assenta, fundamentalmente, em três pilares: profissionais motivados, muito empenho e trabalho, e apoio institucional.

A notícia da nova USF chegou em dezembro, e numa altura em que a resposta dos Cuidados de Saúde Primários se debate como estratégica na resposta assistencial, nomeadamente na acessibilidade do utente. Na sua opinião, qual o papel dos Cuidados de Saúde Primários no contexto atual?

Os Cuidados de Saúde Primários serão sempre a base do SNS e a primeira linha de contacto dos cidadãos e cidadãs, das famílias e da comunidade com o sistema de saúde, daí a sua importância. Unidades funcionantes nos Cuidados de Saúde Primários permitem maior acessibilidade e melhor resposta aos problemas das pessoas e é nisso que temos que nos focar. O papel de promoção da saúde e prevenção de doença não é possível ser assumido por outro nível de cuidados, pelo que é preciso reforçar os Cuidados de Saúde Primários.
Este modelo organizativo, em USF modelo B, valoriza os profissionais e o seu trabalho, e no meu entendimento, a sua generalização é a única forma de captar profissionais para os Cuidados de Saúde Primários. Acredito que o atual ministro da Saúde, o Dr. Manuel Pizarro, terá um papel ativo neste âmbito, como já o tem demonstrado nos últimos meses. Recorde-se que já como Secretário de Estado da Saúde (na altura em que a ministra da Saúde era a Dra. Ana Jorge) dinamizou a implementação das USF em Portugal, agora, como Ministro da Saúde, pode impulsar a reforma nesse sentido.

Como recém-nomeada coordenadora da nova USF, que se integra no Aces Matosinhos da ULSM, que expetativa tem da estratégia da Direção Executiva do Serviço Nacional de Saúde de avançar com a criação de mais quatro ULS, com o objetivo de cobrir a totalidade do país com este modelo de integração de cuidados?

A Unidade Local de Saúde Matosinhos foi criada em 1999 e, na altura, foi inovadora. Posteriormente, desenvolveram-se outras ULS em vários pontos do país e, apesar de passados tantos anos ainda não haver estudos comparativos que demonstrem vantagens inequívocas na qualidade de cuidados prestados e no grau de satisfação dos utentes e dos profissionais, conceptualmente pode melhorar a gestão de recursos, permitir maior proximidade entre os diversos níveis de cuidados, e potenciar a articulação de cuidados em resposta aos problemas dos doentes.

Ao partilhar a notícia do resultado da auditoria escreveu, em tom emocionado, que “Começou uma nova era nos Cuidados de Saúde em Portugal”. O se pode esperar, melhor, o que podem esperar os utentes deste projeto e desta equipa que lidera?

Apesar de previsto, e note-se que a legislação das Unidades de Saúde Familiares é de 2007, nunca uma UCSP tinha transitado diretamente a USF modelo B. O feito é inédito e considero mesmo que se inicia uma nova era nos Cuidados de Saúde Primários em Portugal. O facto de o termos concretizado, abre agora portas a que qualquer equipa em Portugal o possa replicar. Como é sabido, estava praticamente instituído que existia uma progressão de UCSP para USF modelo A e, posteriormente, para USF modelo B. O grande problema é que, historicamente, esta progressão levava anos. Se por um lado as equipas têm de garantir a atividade assistencial aos utentes para conseguirem atingir os resultados, por outro lado, têm de definir e concretizar todos os procedimentos para o nível de qualidade pretendido. O processo é muito complexo, nomeadamente em documentação, e as auditorias são de elevado nível exigência, daí a dificuldade das equipas. Neste processo, as equipas desmotivam, os profissionais saem dos projetos iniciais para outras USF modelo B, ou até do SNS, e isto destrói o sistema. Urge simplificar o processo.
Desde que iniciamos a candidatura, em Outubro 2021, até que obtivemos parecer técnico, em Dezembro de 2022, foram meses muito duros, mas muito gratificantes também.
Os nossos utentes já têm vindo a sentir a diferença nas mais diversas formas. Pela garantia de cuidados por uma equipa de saúde familiar (médico, enfermeiro, secretário clínico), pela acessibilidade melhorada pelos diversos canais disponíveis (telefone, telemóvel, e-mail, portal do utente de Matosinhos), pela organização da USF com resposta adequada à procura, permitindo que tenham acesso a consulta no próprio dia quando urgente ou a marcação de consulta programada em 5 dias úteis. Tudo isto se reflete na avaliação recente da satisfação dos utentes e pelo número de elogios recebidos em 2022 (a unidade do ACES com mais elogios em 2022). Os utentes têm assim a garantia de cuidados por profissionais diferenciados, motivados, que estão disponíveis para dar o melhor de si em prol de uma equipa, que assume a prestação de cuidados de qualidade aos cerca de 17 mil utentes inscritos.


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