A Unidade Local de Saúde de Matosinhos (ULSM) fez vinte e três anos, este ano, que é o terceiro de pandemia e o primeiro de guerra na Europa, e que por isso, coloca ainda mais questões, dúvidas e desafios. O nosso bem-estar físico, mental e social, ou seja, a nossa saúde, não deixa de sofrer grande repercussão desta conjuntura. Ainda mais o Serviço Nacional de Saúde (SNS), que clama desde há tempos por uma reforma cada vez mais urgente.
Assinalámos este aniversário com a quarta conferência da ULSM, organizada em conjunto com o Seal Group, com quem partilhamos valores e projetos de futuro. O tema escolhido, uma Nova Humanidade – diversidade e cooperação, traduz o que somos, quem somos, e quem queremos ser nos próximos tempos.
O que somos significa a nossa identidade e os nossos valores. Significa a cooperação e o altruísmo que asseguram o desenvolvimento da missão da ULSM. Num contexto diverso, rico por isso, que implica cooperação e desenvolvimento comum. Ou seja, o sucesso da ULSM também é o sucesso do SNS, e das suas instituições.
A Nova Humanidade é a esperança, que terá de se concretizar também em investimento na Saúde. Investimento, e não gastos acrescidos a reparar insuficiências sem atuar na causa. A eficiência das unidades de saúde não pode ser medida de forma direta, mas no retorno aos vários níveis, que resulta da e na criação de valor. A Nova Humanidade são as pessoas, incluindo os profissionais de saúde. Na ULSM, utilizando as palavras de Sir Richard Branson, procuramos treiná-los suficientemente bem para nos poderem deixar, mas tratá-los suficientemente bem para não quererem ou terem de o fazer. E aqui entra a falta de autonomia, que se torna insuportável. Temos de ser mais eficientes e mais resilientes. Mas contratamos prestação de serviços e horas extraordinárias porque não podemos fazer contratos atempados e adequados. O contrato atempado satisfaz a necessidade e concretiza a oportunidade, e a adequação gera confiança no sistema. A ULSM precisa de um SNS mais ágil e fiável para profissionais e utentes. E contribuirá, como o tem feito, para a sua concretização.
No próximo ano faremos a quinta conferência, e sendo a ULSM uma instituição que cultiva o pluralismo, no sentido da perspetiva da inclusão do Outro, fica desde já o desafio para tema da conferência, assuntos a tratar, pessoas que queremos ouvir e ver, e data para a sua realização (sempre em junho, ficando a data exata, 9 de junho, entre feriados o que a torna impraticável).
A conferência da ULSM tem de ser nossa, e de nos fazer renascer.
António Taveira Gomes, Presidente do Conselho de Administração da Unidade Local de Saúde de Matosinhos